[Resenha] O Menino dos Fantoches de Varsóvia - Eva Weaver

17 de set. de 2014
O Menino dos Fantoches de Varsóvia - Eva Weaver
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581634173
Ano: 2014
Páginas: 400
Classificação: 
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Mesmo diante de uma vida extremamente difícil, há esperança. E às vezes essa esperança vem na forma de um garotinho, armado com uma trupe de marionetes – um príncipe, uma menina, um bobo da corte, um crocodilo...O avô de Mika morreu no gueto de Varsóvia, e o menino herdou não apenas o seu grande casaco, mas também um tesouro cheio de segredos. Em um bolso meio escondido, ele encontra uma cabeça de papel machê, um retalho... o príncipe. E um teatro de marionetes seria uma maneira incrível de alegrar o primo que acabou de perder o pai, o menininho que está doente, os vizinhos que moram em um quartinho apertado.
Resenha:
Segunda Guerra Mundial é um momento histórico tão complexo, completo e marcante que todos deveriam ser obrigados a ler algo a respeito. É de longe meu tema preferido para ficções ou não ficções. Indiscutivelmente irei me emocionar durante a leitura das histórias que permeiam o Holocausto. O Menino dos Fantoches de Varsóvia foi a primeira obra dedicada ao massacre judeu que se preocupou em mostrar o outro lado. O lado dos soldados que talvez não tivessem plena consciência do que estavam fazendo. E mesmo assim não deixaram de ser monstros um segundo sequer.

Para ser mais exato a estória se passa nos anos em que a Alemanha Nazista invadiu a Polônia e isolou todos os judeus que viviam em Varsóvia em uma comunidade afastada. Uma espécie de prisão popularmente conhecida como “gueto”. O desenvolvimento da trama deixa claro que a intenção de Hitler era fazer com que o mundo esquecesse a existência daquele lugar, daquelas pessoas. Para que, mais tarde, quando as levassem para os campos de extermínios, ninguém duvidasse, notasse ou se importasse. Com o passar dos anos a população de aproximadamente 380 mil pessoas fora reduzida para 70 mil. Conseguem imaginar? O terror presente na narrativa é tão real e tocante que pude sentir cada sensação descrita pela autora. E não pensem que as pessoas só eram mortas nos campos de concentração, os soldados invadiam o gueto e matavam pelas mais absurdas razões.

Quando o avô de Mika é morto em uma dessas ocasiões, o jovem de 14 anos herda um presente especial. Um casaco responsável por devolver a esperança há muito perdida. Guardados em diversos bolsos secretos no interior do casaco, uma série de fantoches acumulam vidas e histórias a serem vividas. Segredos e possibilidades que dividem espaço com a fome e o frio. O teatro de fantoches rapidamente ganha fama e passa a marcar presença em aniversários, alas de hospitais, orfanatos e casas de família. A trupe de bonecos proporciona momentos raros de felicidade para um povo que perdeu quase tudo. Para um povo que esqueceu o que é liberdade.

Tudo muda quando o lado ariano descobre a existência do menino dos fantoches. Mika passa a viver uma vida dupla quando o teatro de bonecos é obrigado a se apresentar para os alemãs do funher. Ao mesmo tempo em que alegra as crianças doentes de fome que vivem no gueto, Mika serve de atração para os monstros responsáveis por negar comida a todas elas. É revoltante e maravilhoso acompanhar a teia de relacionamentos que a autora criou. Enquanto Mika amadurece, descobre sua sexualidade e luta contra seus próprios demônios. Uma guerra está ganhando força e ameaça explodir a qualquer momento. A grande surpresa do enredo é o soldado Max. De alguma forma ele passa a proteger Mika dos outros soldados, enquanto todos querem que ele tome cerveja até entrar em coma, Max o afasta dos perigos que um bar repleto de nazistas pode oferecer a uma criança.

Com acesso fácil ao lado nazista, possibilidades surgem. Riscos atrelados as chances de salvar vidas... O inesperado acontece quando a primeira parte do livro chega ao fim e passamos a acompanhar uma narrativa voltada para o soldado Max. Conseguem imaginar o quanto fantástico é? Após o choque que é a vida de Mika com sua família e amigos, a autora nos presenteia com a possibilidade de adentrar na vida de Max! Toda a sua trajetória antes, durante e pós guerra. Os capítulos finais ultrapassam gerações, barreiras e conflitos pessoais. É uma surpresa enorme perceber o quão longe a autora se aprofundou em sua estória. Os fantoches não são controlados por nenhum personagem, a mais pura verdade é que os fantoches guiam a estória de início ao fim. Eles estão vivos e livres. Livres. Talvez eu tenha sido um tanto que vago nessa resenha, mas não me senti no direito de comentar tantos detalhes e momentos que devem ser lidos na mais completa surpresa. Para o mais sincero horror e fascínio. 

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