[RESENHA] Lobo Por Lobo - Ryan Graudin

17 de jan. de 2017
Lobo Por Lobo - Ryan Graudin
ISBN-10: 8555340195 
Ano: 2016
Páginas: 360 
Editora: Seguinte
Classificação: 

O Eixo ganhou a Segunda Guerra Mundial, e a Alemanha e o Japão estão no comando. Para comemorar a Grande Vitória, todo ano eles organizam o Tour do Eixo: uma corrida de motocicletas através das antigas Europa e Ásia. O vencedor, além de fama e dinheiro, ganha um encontro com o recluso Adolf Hitler durante o Baile da Vitória. Yael é uma adolescente que fugiu de um campo de concentração, e os cinco lobos tatuados em seu braço são um lembrete das pessoas queridas que perdeu. Agora ela faz parte da resistência e tem uma missão: ganhar a corrida e matar Hitler. Mas será que Yael terá o sangue frio necessário para permanecer fiel à missão?

Resenha por Carol Teles:
O ruim da expectativa, e eu já falei sobre isso diversas vezes aqui, é que sempre se espera muito dela. Isso é um fato comprovado em quaisquer dos ramos da nossa vida, e comigo funciona com muita certeza quando se trata de minhas leituras. Então, sim, esperei muito desse livro porque eu tinha simplesmente idolatrado o outro da autora, o Cidade Murada, e porque a premissa dele é simplesmente incrível. Infelizmente acabei a leitura um pouco decepcionada com o que a história me entregou.

O nosso foco aqui é Yael, uma garota que sobreviveu a um campo de concentração na segunda guerra mundial por ter sido uma espécie de experimento de guerra feito com os judeus, e que hoje trabalha para os rebeldes. Sua meta? Matar Adolf Hitler, que foi o vencedor da guerra em questão, nesse livro. E como ela pretende fazer isso? Ganhando a Corrida do Eixo. Uma espécie de competição organizada pelos países vencedores da guerra, e que deixa o ganhador próximo o suficiente de Hitler para realizar o plano.

E só desse parágrafo o leitor pode tirar vários questionamentos, e que por certo não serão respondidos por mim, já que descobrir aos poucos as respostas é o que tem de melhor nessa história. Basta vocês saberem que Yael desenvolveu uma espécie de mutação visual, como se ela fosse a Mística do X-Men. Ela assume a aparência que quiser, quando ela quiser. Então é, existe um pouco de ficção aqui.

Acredito que o mais interessante nessa história seja as possibilidades que a autora apresenta. É bacana imaginar, e não digo isso pensando no resultado, mas no caminho, que Hitler possa ter ganhado a guerra. Como isso responderia no mundo hoje em dia? Quais as consequências de uma Europa tomada pelo o que possivelmente foi o maior ditador que já existiu. Levantar essa ideia é questionar os valores atuais vigentes, e os possíveis valores que existiriam, caso esse fosse o fato.

Então como historiadora, a autora continua incrível. Ela consegue até inserir trações da cultura oriental na narrativa de uma Alemanha nazista. E isso seria o lógico, visto que se eles tivessem ganhado a guerra, Japão e Alemanha teriam traços culturais incomuns, não acham?

Yael também é uma protagonista que funciona comigo. Ela tem aquele jeito badass que tanto gosto nas personagens femininas. É atrevida, focada, inteligente, pouco sensível... Isso já me ganharia de lavada. E claro que existe um pouco de menina nela, afinal, mesmo sendo tão maltratada pela vida, ainda é uma garota, e ainda é humana. Então visitar a humanidade da protagonista é uma das coisas mais interessantes aqui, se pararmos para pensar que todo o objetivo dela durante a corrida, é matar alguém. Ou mais do que isso.

A escrita da autora é outra das coisas geniais aqui. Não há como negar que ela nasceu para escrever. E digo mais, nasceu para escrever com poesia. Não há um só momento em que não sinta algo mais forte durante a leitura. Seja a protagonista narrando o barulho que o trem fazia para chegar ao campo de concentração quando ela era criança, ou a explicação dos lobos nas tatuagens do braço de Yael. A propósito, existem várias ligações em relação aos lobos nesse livro, e todas são incríveis. É uma teia bela e comovente. E ainda que não tenha me apaixonado pelo livro como um tudo, não há como negar que a escrita dela é divina.

E daí vocês me perguntam o que exatamente não gostei, se até o momento só teci elogios. E apesar de não saber exatamente o que dizer a vocês sobre isso, acredito que

tenha sido algo em relação ao ritmo num todo. Se tive um apego enorme à protagonista, não tive nenhum ao desenrolar da história. Achei o meio do livro cansativo e chato. Não consegui me adequar aos personagens coadjuvantes, e ficava torcendo para passar logo a narrativa das partes de corrida do livro. Sei lá... ficou faltando um pouco da poesia da autora nesses trechos, e isso me deixou meio decepcionada. Eu ficava contando os minutos para chegar numa cena melhorzinha, e isso é bem ruim quando se trata de um livro de uma autora tão boa.

Minha esperança é que esse livro faz parte de uma série. Ainda não sei bem como vai continuar depois daquele final sem perder a ideia central, mas vou esperar confiante. Torcendo com todas as minhas forças para que o lado rebelde da guerra ganhe uma proporção maior. Sei o quanto a autora pode mais do que isso, e estou me apegando nesse fio para continuar a ler.

Quase formada em Letras; quase formada em Biblioteconomia, sou altamente inquieta e tenho problemas em terminar coisas que comecei. Durmo pouco e com milhões de travesseiros. Sou chocólatra e passo parte do meu dia em uma Interprise ou Millenium Falcon porque meu filho vive no espaço. Perco-me na vida. 

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