[RESENHA] Cujo - Stephen King

31 de jan. de 2017
Cujo - Stephen King
ISBN-10: 8556510256
Ano: 2016
Páginas: 376
Editora: Suma De Letras
Classificação: 
Página do livro no Skoob
Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto. Nos limites da cidade, Cujo – um são Bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso. A transformação de Cujo, como ele incorpora o pior pesado de Tad Trenton e de sua mãe e como destrói a vida de todos a sua volta é o que faz deste um dos livros mais assustadores e emocionantes de Stephen King.
Resenha por Carol Teles:
Na entrevista feita ao King, incluída no material extra desse volume de Cujo, o autor comenta que seus livros são divididos entre os que vão para fora, e os que vão para dentro. Entre aqueles que têm vários personagens e que se comunica com o mundo de maneira abrangente, e os que têm poucos personagens e se comunicam com o íntimo de cada pessoa. Achei essa explicação perfeita em se tratando de livros do autor, porque no final das contas eles são exatamente isso. No caso de Cujo, ele é um dos livros para fora. Com muitos personagens e com um recado ao mundo.

Começamos esse livro sabendo um pouco sobre a história de um assassino que atacou a cidade algum tempo atrás. Apesar de já estar morto, o terror sobre ele fica pairando pelo lugar, como se fosse um mantra para evitar que as crianças saiam de casa a noite. O medo se tornando a arma dos pais para proteger os filhos.

Quando entramos ativamente na história, entendemos que o nosso protagonista é um São Bernardo de 90kg chamado Cujo. Vive numa oficina mecânica com Joe – o mecânico, sua mulher e o filho. É um cachorro grande, mas totalmente dócil. Isso até ser mordido por um morcego raivoso e contrair hidrofobia.

Como todo livro de King “para fora”, temos vários personagens contando pedaços da história, como acontecia com IT. Tive tanto problema aqui, que também fui obrigada a anotar um o outro nome, para saber de quem diabos ele estava falando naquele momento.

Existe uma coisa incrível na escrita desse tipo de livro de King, que é colocar personagens que jamais aparecerão novamente para narrar detalhes que te fazem entrar no clima o livro, como para relatar o tempo que está cada dia mais quente, anunciando algo ruim, ou um carteiro para falar de uma casa vazia quando não deveria estar. Personagens que não se repetirão, mas que ajudam a gerar um clima essencial para os livros dele. Até o cachorro tem um POV aqui, olha que maravilha!

Temos dois núcleos importantes de personagens. O primeiro deles é a família do mecânico, e o outro a família de Vic, um publicitário que vive com a mulher e o filho de cinco anos, Tad. Esse garotinho começa a ver monstros no armário do quarto, e ainda que os pais não acreditem nele, o autor constrói de uma maneira que o leitor sabe que ele está realmente vendo algo. Só não conseguimos entender se a referência é ao monstro que assassinava pessoas e que não vive mais nesse mundo terreno, ou ao monstro que Cujo se transforma depois de ser mordido. Essa dupla possibilidade embaralhou minha cabeça, e estou até agora tentando entender a ligação do monstro no armário com tudo o que aconteceu. Uma premonição, talvez?

Ainda que pareça ser um livro com cunho mais sobrenatural, ele não é. Hidrofobia é real e muitas pessoas já morreram por causa dela. Então o momento de tensão que temos nos últimos capítulos do livro – realmente desesperador – era totalmente possível. Provável, até. O sobrenatural está naquele armário, em nada mais. Os monstros que o autor insere aqui são de carne e osso. Meio que vemos o limite do desespero de uma pessoa quando colocada em uma situação de risco. E ai eu falo do lado emocional, mas também do físico. Era inevitável ficar pensando o que eu teria feito em um momento ou outro.

Talvez tenha me decepcionado um pouco com o final justamente porque queria ver onde o sobrenatural e o real se cruzavam, e isso não aconteceu. Me deixou aturdida ao ponto de pensar se o sobrenatural era coisa da minha cabeça. Se na verdade não estava vendo o que uma criança imaginativa via. E daí fiquei rindo para essa possibilidade.

É um livro cheio de facetas, e se fosse parar para escrever sobre todas as impressões que tive dele, levaria uma eternidade. Então só saibam que se você não for um especialista em King, como eu também não sou, cuidado para não ir esperando algo fora do normal, porque pode se decepcionar. O horror aqui é palpável e eu, como mãe, me vi muito mais desesperada do que estaria se tivesse aparecido um fantasma nessa história.


Quase formada em Letras; quase formada em Biblioteconomia, sou altamente inquieta e tenho problemas em terminar coisas que comecei. Durmo pouco e com milhões de travesseiros. Sou chocólatra e passo parte do meu dia em uma Interprise ou Millenium Falcon porque meu filho vive no espaço. Perco-me na vida. 

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